31 janeiro 2007

FERNANDO PESSOA E O MITO

Eu não sou grande conhecedor da poesia de Fernando Pessoa; e muito menos conheço pelo miúdo o que ele pensa dos mitos. Mas custa-me muito ouvir afirmações como aquela em que ele diz, na Mensagem, que «o mito é o nada que é tudo».
Como qualquer lenda, o mito é alguma coisa; e nalguns casos teve repercussões grandes na história. Mas, se ele é mais que nada, muito menos é tudo.
A gente tem dificuldades em entender o que ele quer anunciar com aquele primeiro «castelo», que é Ulisses. Que voltas que ele deu ao nosso brasão! Que mistificação a daquele livro! Para quê tanta coisa se, como vem no poema ortónimo Liberdade:

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Que venha ou não?

De resto foi o mesmo Fernando Pessoa que escreveu:

Mas eu não tenho princípios. Hoje defendo uma coisa, amanhã outra. Mas não creio no que defendo hoje, nem amanhã terei fé no que defenderei.

22 janeiro 2007

PELA VIDA

Os inimigos da Igreja afanam-se por legalizar a morte do não nascido. Nem lhes importa que tal esteja explicitamente proibido na Constituição da República, que defende o direito inviolável da vida.
Há todo um conhecido pacote de baixezas por que eles se batem e que a seus olhos deve parecer muito progressista; e todavia irmana-os apenas com aqueles que ao longo da história foram a ruína e a vergonha da humanidade.
Se calhar eles são os mesmos que se escandalizam com o sofrimento do boi da tourada ou com a infelicidade do gato ou do cão que vadiam na rua. Mortifica-os o sofrimento do boi, do gato ou do cão, mas não os apoquenta que seja morto um ser humano ainda não nascido.
Não lhes interessa saber que muitos (e os principais) promotores do permissivismo abortista se tenham retratado dos seus erros, muito tarde reconhecidos. Não lhes interessa saber que no feto está um ser humano – indefeso e frágil, mas com direitos.
Dizem que querem defender as mães, mas apontam-lhes o caminho desta contradição máxima: mães assassinas!
A mãe é coração e ternura, é dedicação continuada e apaixonada no amparo da vida.
Além disso, na geração dum novo ser humano está sempre um pai; mas este não cabe nos esquemas deles.
A legalização mais alargada do aborto é uma prenda para todos os libertinos. Eles já tinham a liberdade que os anticonceptivos e os preservativos lhes tinham trazido. Mas, se ainda assim, na sua irresponsabilidade, algum ser humano for gerado, mate-se.
Que lugar fica para um pai e uma mãe que queiram criar os seus filhos, educá-los sãmente para a vida, fazer deles cidadãos dignos e responsáveis? Que lugar fica, se é tão progressista encher páginas de jornais e revistas com estas propostas de facilidade e de morte?
Fica lugar para uma coisa: lutar determinadamente, empenhadamente, teimosamente, contra esta avalanche enganadora de facilitismo, contra este hedonismo nascido do relativismo, contra este flagelo maior.
O esforço e a dor são companheiros da vida do homem e da mulher: a árvore que na Primavera se enche de flores e no Verão nos dá os frutos sofreu os rigores do Inverno. Só é sábio quem o reconhece; mente quem propõe o contrário.
Nós temos uma lei que não nos permite matar, que nos diz que nenhum homem é senhor da vida de outro ser humano. Esta é a lei primeira do convívio entre os homens. E as feras matam principalmente fora do seu grupo biológico…
Em frente pela dignificação da mulher e pelo reconhecimento efectivo dos seus direitos ligados à maternidade; pelo lugar do pai junto dos seus filhos; por crianças que cresçam amadas por aqueles que as geraram; contra a cultura da morte. Pela vida.

17 janeiro 2007

PELA VIDA

Hoje li com os meus alunos estes versos d'Os Lusíadas:

Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
(...)?

Então lembrei-me da sanha abortiva que percorre os meios de comunicação.
Nem no seio materno o filho estará seguro? Será a própria mãe a pedir a sua morte?
Mães legalmente assassinas!... Que mais poderá ainda vir? Qual será a aberração seguinte?