O ícone representa ao centro a Beata Alexandrina mergulhada na luz divina, que na iconografia é dada com o ouro puro. É representada com o vulto dos seres humanos mas na sua essência, no seu núcleo espiritual, na sua verdade eterna. A forma humana é sujeita a um sistema geométrico, rítmico e cromático apto a sugerir a essência espiritual e divina de quem entrou na luz eterna. O seu santo vulto é sereno e sorridente, mas igualmente absorto e dirigido para o orante. Um leve sorriso que esconde um segredo: o segredo da sua vida. Jesus exorta Alexandrina a sorrir na dor, a aceitar com alegria toda a prova e sofrimento.
“Minha filha, minha filha, a alma que Me ama, a alma esposa de Jesus, a alma vítima, encontra alegria só na cruz, só na cruz se delicia. Quero que os teus olhos e os teus lábios sorriam a todo o sofrimento para que tu sejas sempre, com toda a heroicidade, a louquinha da cruz, a louquinha das almas, a louquinha de Jesus, a louquinha do amor. Tem coragem: o Céu assiste-te. Oferece-Me a tua dor escondida no sorriso e no amor. Sorri à dor para que Eu possa sorrir quando julgo os pecadores. Permanece na tua cruz, permanece com alegria: esconde o martírio da tua alma com o teu sorriso, o mais que te seja possível. É com teu sorriso, ou melhor com meu sorriso que está nos teus lábios, que fazes o bem, um grande bem, o maior bem a tão grande número de almas. Eu estou no teu coração com o Pai e com o Espírito Santo: falo com os teus lábios e sorrio nos teus lábios”.
Alexandrina é figurada intimamente unida à Cruz de Cristo, com Ele crucificada. O amor pela Paixão de Cristo, que ela viverá fisicamente e misticamente de modo sempre mais intenso, sofrendo as dores da agonia, da coroação de espinhos, da flagelação, da morte na cruz, leva-a a uma crescente sede de almas. Aumenta nela o desejo de sofrer e de amar em união com a redenção operada por Jesus para a conversão a salvação dos pecadores. Também a sua veste se transforma; a sua origem é de cor verde a sublinhar a natureza humana, mas esta transforma-se e irradia luz vermelha, sinal do poder do amor de Deus que queima o seu espírito até ao martírio do corpo e do coração.
“Dá-Me as tuas mãos, que as quero crucificar; dá-Me os teus pés, que os quero cravar comigo; dá-Me a tua cabeça, que a quero coroar de espinhos como Me fizeram a Mim; dá-Me o teu coração, que o quero trespassar com uma lança, como Me trespassaram a Mim; consagra-Me todo o teu corpo, oferece-te toda a Mim”.
“Une à minha angústia a tua, à minha agonia a tua, ao meu Calvário o teu: é calvário de dor, é calvário de salvação...”.
“Minha filha, tiro bálsamo das minhas chagas para as tuas, ocultas mas dolorosas, bem profundas, para que as tuas mãos semeiem pelas chagas dolorosas a minha semente divina e para que os teus pés, que não caminham, pelas chagas abertas arranquem dos caminhos errados as almas que correm para a perdição. (…)
Tiro bálsamo das feridas da minha sacrossanta cabeça para a tua, para suavizar a dor dos teus espinhos, para, mais forte, poderes com este sofrimento arrancar dos espíritos as más inclinações e os pensamentos criminosos que tanto me ofendem.
Do meu Coração divino tiro bálsamo amoroso, bálsamo de fogo, para que Me ames e faças amado, para que ateies este fogo, este amor, para que possuas sempre a ternura, a doçura do meu”.
Da mão esquerda desce uma cartela com duas inscrições: “Completo no meu corpo o que falta à Cruz de Cristo”, a indicar a sua qualidade de alma-vítima, cooperadora da Redenção. O outro mote “Amar, sofrer, reparar” é a síntese do seu programa de vida espiritual e apostólica.
“Tu vives com a minha vida, sofres com a minha dor, amas com o meu amor: vives com a minha vida porque com ela te faço viver; sofres com a minha dor porque to faço sentir, enquanto és vítima para Me reparares; amas com o meu amor porque to infundi em teu coração para com ele Me amares e fazeres que Eu seja amado”.
Na mão direita tem o Terço: é o convite que nos transmite a mantermo-nos num constante colóquio com a Mãe celeste e sinal do seu zelo em propagar a prática do S. Rosário.
“...veio a Mãezinha: cobria-a manto branco e dourado. Tomou-me nos seus braços, acariciou-me, enrolou-me nas minhas mãos o Rosário que pendia das Suas e deu-me e enrolou-me nas minhas mãos a cruz que o rematava, depois de a beijar o Rosário:
- Minha filha, eu sou a Virgem do Rosário: estou contente contigo por aconselhares a rezarem ao menos o Terço em minha honra. Continua: é devoção de salvação. O mundo agoniza e morre no pecado. Quero oração, quero penitência. Enrola, minha filha, neste meu Rosário, os que amas e são teus: também Eu os amo e Jesus os ama; enrola os que às tuas orações se recomenda às tuas orações, enrola o mundo num molhinho, como Eu a ti te enrolei; estreita-o ao teu coração como Eu a ti te abracei...”
“Fala às almas da Eucaristia, fala-lhes do Rosário; que se alimentem da Carne, do Corpo de Cristo e do alimento da oração, do meu Terço quotidiano”.
“...Jesus deu-me para as mãos a Cruz que pendia do Rosário: desta vez, não ficou enleado nas mãos. Ficou estendido e aberto; alguém do outro lado o sustentava. Jesus meteu-Se no meio do Rosário, abrindo-o cada vez mais e disse: - Firma nas tuas mãos a Cruz, cinge-o bem ao teu coração. A humanidade inteirinha vai ficar dentro do Rosário.
Aos lados da cabeça da Beata estão representados:
À esquerda o arcanjo Gabriel que entrega à Alexandrina a Hóstia, sinal quer da sua missão para com os sacrários, quer do facto de que durante 13 anos se alimentou unicamente da Eucaristia. Na ausência do sacerdote recebia a Comunhão das mãos angélicas. À Alexandrina Jesus confiou o pedido da Comunhão nas primeiras quintas-feiras de seis meses consecutivos em honra da Santíssima Eucaristia, adorando nela a Sua perene Presença e contemplando simultaneamente o Seu perene Sacrifício.
“Minha filha, minha esposa querida, vais agora receber-Me pelas mãos do teu Anjo da Guarda. Vêm ao seu lado S. Miguel Arcanjo e o Anjo S. Gabriel. Atrás deles seguem-nos uma grande multidão deles. Prepara-te: descem do Céu.
... Inclinou-se para mim o Anjo. Eu estendi-lhe a língua … Fiquei mergulhada em amor, numa intimidade com Jesus: parecia-me inseparável dele.
- Minha filha, dei-Me a ti em alimento: sou a tua vida. Dei-Me desta forma para mais e melhor mostrar as minhas maravilhas e para mostrar que estou contente com os meus representantes na terra, com a doutrina da minha Igreja”.
“Faço que tu vivas só de Mim para mostrar ao mundo o valor da Eucaristia, e o que é a minha vida para as almas…”.
“Não te alimentarás jamais na terra. O teu alimento é a minha Carne, o teu sangue é o meu Divino Sangue, a tua vida é a minha Vida: de Mim a recebes quando te bafejo e te acalento, quando uno ao teu o meu Coração”.
“Minha filha, minha querida esposa, faz que Eu seja amado, consolado e reparado na minha Eucaristia. Diz em meu nome que todos aqueles que comungarem bem, com sinceridade e humildade, fervor e amor em seis primeiras quintas-feiras seguidas e passarem uma hora de adoração diante do meu sacrário em íntima união comigo, lhes prometo o Céu”.
À direita o arcanjo Miguel, que entrega à Alexandrina o Cálice da Eucaristia, sinal das transfusões de sangue que recebia de Jesus como sinal da sua participação na Paixão e como único alimento.
“...faço-te uma nova transfusão, para que Cristo viva na sua crucificada e a Sua crucificada viva em Cristo. Venho alimentar a tua alma como Médico Divino e dar ao teu corpo aquilo que o médico da terra não poder dar-te: o meu Divino Sangue, o meu Divino Amor, para que tu vivas e dês a vida às almas”.
“Queria que todos conhecessem aquele mistério do pão e do vinho transformados no Corpo e no Sangue do Senhor. Milagre prestigioso! Abismo insondável de amor!...”.
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