Fernando Pessoa e os seus heterónimos justificavam que aqui me ocupasse deles bastante longamente; mas fica para outra ocasião. Hoje vou transcrever também o que coloquei na Wikipédia sobre Os Maias, no mesmo dia em que lá pus aquela nota sobre a ética dos heterónimos. Antes disso porém convém lembrar que os críticos valorizam este romance de Eça como uma obra singular na produção literária europeia da segunda metade do século XIX; mas isso não me parece que invalide o que se segue:
O romance veicula sobre o país uma perspectiva muito derrotista, muito pessimista. Tirando a natureza (o Tejo, Sintra, Santa Olávia…), é tudo uma «choldra ignóbil».
Predomina uma visão de estrangeirado, de quem só valoriza as «civilizações superiores» – da França e Inglaterra, principalmente.
Os políticos são mesquinhos, ignorantes ou corruptos (Gouvarinho, Sousa Neto…); os homens das Letras são boémios e dissolutos, retrógradas ou distantes da realidade concreta (Alencar, Ega…: lembre-se o que se passou no Sarau do Teatro da Trindade); os jornalistas boémios e venais (Palma…); os homens do desporto não conseguem organizar uma corrida de cavalos, pois não há hipódromo à altura, nem cavalos, nem cavaleiros, as pessoas não vestem como o evento exigia, são feias.
Para cúmulo de tudo isto, os protagonistas acabam «vencidos da vida».
Mais do que crítica de costumes, o romance mostra-nos um país – sobretudo Lisboa – que se dissolve, incapaz de se regenerar.
Quando o autor escreve mais tarde A Cidade e as Serras, expõe uma atitude muito mais construtiva: o protagonista, que bem se podia chamar Carlos da Maia, regenera-se pela descoberta das raízes rurais ancestrais não atingidas pela degradação da civilização, num movimento inverso ao que predomina n’Os Maias.
De facto, o país tem hoje conceituados desportistas, jornalistas que se podem medir com os seus parceiros europeus ou mundiais, a economia avança com os seus altos e baixos comuns, etc., tudo ao arrepio do que a miopia queirosiana parecia anunciar.
O romance veicula sobre o país uma perspectiva muito derrotista, muito pessimista. Tirando a natureza (o Tejo, Sintra, Santa Olávia…), é tudo uma «choldra ignóbil».
Predomina uma visão de estrangeirado, de quem só valoriza as «civilizações superiores» – da França e Inglaterra, principalmente.
Os políticos são mesquinhos, ignorantes ou corruptos (Gouvarinho, Sousa Neto…); os homens das Letras são boémios e dissolutos, retrógradas ou distantes da realidade concreta (Alencar, Ega…: lembre-se o que se passou no Sarau do Teatro da Trindade); os jornalistas boémios e venais (Palma…); os homens do desporto não conseguem organizar uma corrida de cavalos, pois não há hipódromo à altura, nem cavalos, nem cavaleiros, as pessoas não vestem como o evento exigia, são feias.
Para cúmulo de tudo isto, os protagonistas acabam «vencidos da vida».
Mais do que crítica de costumes, o romance mostra-nos um país – sobretudo Lisboa – que se dissolve, incapaz de se regenerar.
Quando o autor escreve mais tarde A Cidade e as Serras, expõe uma atitude muito mais construtiva: o protagonista, que bem se podia chamar Carlos da Maia, regenera-se pela descoberta das raízes rurais ancestrais não atingidas pela degradação da civilização, num movimento inverso ao que predomina n’Os Maias.
De facto, o país tem hoje conceituados desportistas, jornalistas que se podem medir com os seus parceiros europeus ou mundiais, a economia avança com os seus altos e baixos comuns, etc., tudo ao arrepio do que a miopia queirosiana parecia anunciar.
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