Quando Camões começou a escrever poemas, já o sonho renascentista dera o que tinha a dar. Ele é filho do Maneirismo, o que é bem importante. O soneto abaixo é claramente maneirista e um dos melhores do autor.
Depois de reconhecer as limitações dos filósofos perante o desconcerto do mundo, e mesmo dos teólogos que não atendem ao concreto do homem, o poeta chega à grande constatação existencial: «o melhor que tudo é crer em Cristo».
Verdade, Amor, Razão, Merecimento
qualquer alma farão segura e forte;
porém, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte,
têm do confuso mundo o regimento.
Efeitos mil revolve o pensamento
e não sabe a que causa se reporte;
mas sabe que o que é mais que vida e morte,
que não o alcança humano entendimento.
Doutos varões darão razões subidas,
mas são experiências mais provadas
e por isso é melhor ter muito visto.
Coisas há aí que passam sem ser cridas
e coisas cridas há sem ser passadas,
mas o melhor que tudo é crer em Cristo.
Luís de Camões
16 novembro 2006
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1 comentário:
crer em cristo como soluçao final é a assumiçao de uma covardia. eu creio em mim e nos meus. creio que o sol nasce amanhã. e não é nenhuma igreja que me garante este sol.
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