Coloco aqui a Via-Sacra da Beata Alexandrina. Afinal, é uma especialista da Semana Santa. Podia ter-lhe dado o título de Passos da Cruz, imitando o da série de 14 sonetos de F. Pessoa (14, como as estações da Via-Sacra), mas não paga a pena.
No Sítio Oficial pode-se ver a sua tradução para japonês e se não erro também as suas versões portuguesa, italiana, francesa e inglesa.
A italiana foi feita a partir do português; a japonesa e a portuguesa, a partir do italiano; as restantes a partir da tradução portuguesa. A versão que aqui fica não é tradução: contém as palavras originais da Beata Alexandrina.
Se se pergunta porque é que não se partiu sempre do original português, respondo por mim: eu conheci a Via-Sacra pela primeira vez através dum desdobrável italiano, publicado em Milão, que traduzi e a partir do qual promovi as outras traduções.
A imagem que junto é, segundo penso, um fragmento do original português a partir do qual foi feita a tradução para italiano. As indicações ao lado esquerdo indicam a procedência das frases, creio que sempre dos Sentimentos da Alma, a obra maior da Beata.
Prólogo
No Sítio Oficial pode-se ver a sua tradução para japonês e se não erro também as suas versões portuguesa, italiana, francesa e inglesa.
A italiana foi feita a partir do português; a japonesa e a portuguesa, a partir do italiano; as restantes a partir da tradução portuguesa. A versão que aqui fica não é tradução: contém as palavras originais da Beata Alexandrina.
Se se pergunta porque é que não se partiu sempre do original português, respondo por mim: eu conheci a Via-Sacra pela primeira vez através dum desdobrável italiano, publicado em Milão, que traduzi e a partir do qual promovi as outras traduções.
A imagem que junto é, segundo penso, um fragmento do original português a partir do qual foi feita a tradução para italiano. As indicações ao lado esquerdo indicam a procedência das frases, creio que sempre dos Sentimentos da Alma, a obra maior da Beata.
Prólogo
Ai, quanto custou a Jesus a Sua vida na Terra!
Não foi o Horto e o Calvário sofrimento de umas horas,
Mas sim de toda a vida de Jesus.
Ele crescia em idade e sabedoria,
E nele e com Ele crescia a cruz.
Ele não Se separou dela por um só momento:
Nela crescia, nela sofria,
Mas sempre com sorriso e bondade.
1ª Estação: Jesus é condenado
Pilatos entregou-Lho para ser crucificado, e eles tomaram conta de Jesus. (Jo 19, 16)
Vi e ouvi a grande multidão
Que a uma só voz, sem se condoer de mim,
Bradava a minha crucifixão.
Os meus ouvidos ouviam, a uma só voz, a palavra:
«Morra! Condene-se!»
Oh, que gritos, os da multidão!
Recebi a sentença de morte.
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo,
Como era no princípio, agora e sempre! Ámen.
2ª Estação: Jesus recebe a cruz
E Ele, levando a cruz às costas, saiu para o chamado lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota. (Jo 19, 17)
Recebi a cruz.
Foi tal o peso que me fez sentir que me infundia no solo.
Não foi a cruz que levei em meus ombros, foi o mundo inteiro.
Poucos amigos... Quase só inimigos.
Glória ao Pai…
3ª Estação: Jesus cai pela primeira vez
Procurei, mas não havia ninguém para me auxiliar.
Fiquei espantado por não haver ninguém para me ajudar. (Is 63, 5)
Caí com a cruz: ela pesava sobre mim.
Um braço dela caiu-me sobre o peito e feriu-me o coração.
Parecia-me mesmo, mesmo perder a vida.
Perder a vida para dar vidas deu-me forças: voltei a caminhar.
Glória ao Pai…
4ª Estação: Jesus encontra a Mãe
Jesus vê a sua Mãe ali presente. (Jo 19, 26)
Saiu-me ao encontro a Mãezinha.
Fitou-me; eu fitei-a a Ela.
Ia caminhando sempre.
Ela caminhava, guiada pelo olhar
Que Lhe tinha ferido e atraído o coração e a alma.
Eu não arrastava só a cruz: arrastava-A também a Ela, ou melhor, arrastava a Sua dor.
Glória ao Pai…
5ª Estação: Jesus é ajudado pelo Cireneu
Quando O iam conduzindo, lançaram mão de um certo Simão de Cirene e carregaram-no com a cruz. (Lc 23, 26)
Ia a cada passo a expirar.
Queriam alguém que levasse a cruz:
Houve quem caminhasse com ela, não por amor, mas por ser mandado.
Mas, mesmo assim, quanto amor senti o meu coração dispensar-lhe!
Foi-me tirada a cruz, mas eu sentia-me como se sempre levasse o seu peso.
Glória ao Pai…
6ª Estação: Jesus encontra a Verónica
Em verdade vos digo, sempre que fizeste isso a um destes mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes. (Mt 25, 40)
Vem ao meu encontro a mulher, a mulher querida, compadecida da minha dor.
Com que ternura e amor limpa do meu rosto o suor, o sangue, o pó!
Como queria que ela fosse falada por este gesto tão heróico!
O meu rosto e o amor do meu coração ficam no pano impressos.
Glória ao Pai…
7ª Estação: Jesus cai segunda vez
Ele entregou a sua vida à morte e foi contado entre os pecadores. (Is 53, 12)
A meado do caminho, foi tão grave a queda
e a descarga de açoites que sobre o meu corpo caíram!
Os lábios abriram-se-me em sangue…
E beijavam a terra na qual me feria.
Os olhos da minha alma estenderam-se pela humanidade.
Glória ao Pai…
8ª Estação: Jesus encontra as santas mulheres
Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim, mas chorai por vós mesmas e pelos vossos filhos. (Lc 23, 28)
Seguiam-me algumas mulheres;
choravam amargamente à vista de tantos sofrimentos.
Caminhava e fitava-as com olhar de compaixão.
O coração murmurava-lhes:
«Não choreis por mim, mas por vós;
Chorai as vossas culpas: são a causa das minhas dores».
Glória ao Pai…
9ª Estação: Jesus cai terceira vez
Reduziste-me ao pó da terra, estou cercado por matilhas de cães. (Sl 22, 16-17)
Era o mundo, era o Céu contra mim! Caí.
Um novo furor me arrastou fortemente e fez bater nas lajes:
Novas fontes de sangue se abriram dos espinhos da minha cabeça!
Mas, mesmo assim, do meu coração só saía amor e compaixão pelos algozes.
Glória ao Pai…
10ª Estação: Jesus é despido
Repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para ver o que cabia a cada um. (Mc 15, 24)
Ao serem-me tirados os vestidos,
foram tirados com tanta pressa que chegaram a rasgar-me.
Que dores violentas ao irem com eles pedaços de carne!
Ser despido em público!
Foram tantas as risadas de escárnio que ecoavam em todo o Calvário!
Senti logo que a Mãezinha queria com o seu manto cobrir-me.
Glória ao Pai…
11ª Estação: Jesus é crucificado
Foi crucificado com os malfeitores, um à sua direita e outro à sua esquerda. (Lc 23,33)
Estenderam-me na cruz.
Fui eu a deitar-me sobre o madeiro
E a estender as mãos e os pés para ser crucificado:
Era um abraço eterno à cruz, a obra da Redenção.
Que olhares tão enternecidos saíam dos meus olhos a fitarem o firmamento, a movê-lo à compaixão!
Glória ao Pai…
12ª Estação: Jesus morre na cruz
Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou: «Tudo está consumado». Depois, inclinou a cabeça e entregou o espírito. (Jo 19, 30)
Fez-se noite no Calvário.
- Pai, perdoai-lhes, que não sabem o que fazem!
- Pai, ó meu Pai, até Tu me abandonas!...
- Meus filhos, tenho sede de vós!
- Minha Mãe, aceita o mundo, que é Teu!
É filho do meu sangue, é filho da tua dor.
- Está tudo consumado!
- Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito:
É para Ti o meu último suspiro
Glória ao Pai…
13ª Estação: Jesus é deposto no regaço da Mãe
E José de Arimateia tomou o corpo e envolveu-o num lençol limpo. (Mt 27,59)
A Mãe, com Ele morto nos Seus braços!
Foi o amor que levou Jesus a dar a vida.
A Mãezinha continua a mesma missão do amor:
A amar-nos como a Jesus.
Glória ao Pai…
14ª Estação: Jesus no sepulcro
José depositou-o num sepulcro talhado na rocha, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. (Lc 23,53)
O amor, unido à graça e à vida divina,
Triunfou na dor, triunfou na morte.
FOI UM SER HUMANO QUE SOFREU,
UMA VIDA DIVINA QUE VENCEU.
Glória ao Pai…
Epílogo
Ó Calvário glorioso! Ó cruz de salvação!
O sangue regou a terra:
Um orvalho fecundo, um orvalho de amor.
Ficou o Céu reconciliado com a Terra!
Um som harmonioso encheu o Céu a Terra!
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