09 março 2007

ALGUMAS PALAVRAS SOBRE O CADC

O Dr. Abel Pacheco foi membro-fundador duma corajosa associação juvenil – o Centro Académico da Dempocracia-Cristã –, ou CADC, em abreviatutra, que nos alvores da República soube remar contra a maré e defender as cores do seu Catolicismo. No princípio dos anos 40, numa homenagem a outro membro-fundador daquela instituição, recordou-a assim:

Não admira pois que, no advento da República, a guerra à Igreja fosse preocupação dominante. Era o ódio torvo que mandava e a separação violenta da Igreja do Estado, com desprezo absoluto dos compromissos firmados pela Concordata; a confiscação dos bens da Igreja, a expulsão das ordens religiosas, a laicização do ensino, a instituição das Cultuais e a lei do divórcio, além de outras medidas violentas contra os católicos, mostravam bem, pela pressa com que foram tomadas, que o espírito de seita, aberta e claramente anti-religioso, se preocupava menos com o bem-estar material do povo do que com a ruína da Igreja, que se chegou a profetizar no período de três gerações.
Neste ambiente de hostilidade aos princípios basilares da religião do povo português, nasceu no Porto, sob o manto protector da Igreja Católica, o Centro Académico de Democracia Cristã, cuja divisa era Deus, Família e Pátria. No seu grémio cabiam todos os estudantes católicos, qualquer que fosse o seu ideal político, desde que este não pretendesse absorver o ideal superior do fim espiritual do homem. A César o que é de César, mas a Deus o que é de Deus – tal era o nosso lema.
Os fundadores eram poucos a princípio, mas o número de sócios subiu depressa, apesar de constituir um acto heróico a afirmação pública da fé católica.
Entre os seus sócios fundadores estava Abílio Garcia de Carvalho, que primava pela sua assiduidade verdadeiramente exemplar e pelo estudo consciencioso dos problemas católicos.
Era nosso Director Espiritual o cónego Dr. José Correia da Silva, hoje ilustre Bispo de Leiria. Exercíamos a nossa actividade em estudos sociais católicos tendo como guia a encíclica de Leão XIII – Rerum Novarum. Reuníamo-nos todas as quartas-feiras à noite na sede da Associação Católica, instalada na rua de Passos Manuel, e discutíamos amplamente as teses previamente anunciadas.

Então como hoje, sempre houve quem fosse à luta.

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